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2012
08.05.12 a 16.06.12 - Srinagar, Kashmir | Fernando Arias
Abertura | 08 de maio | 19 horas A Galeria Eduardo Fernandes tem o prazer de apresentar Srinagar, Kashmir, exposição individual do artista colombiano Fernando Arias. Arias passou a maior parte do ano 2010 na Ásia. As obras desta exposição são um retrato da situação que o artista encontrou na cidade de Caxemira, Srinagar. O artista foi imediatamente confrontado com um paradoxo: a beleza dos arredores do Himalaia contra a violência e a opressão do seu povo. Srinagar, Kashmir expõe vídeo, fotografias e tapeçarias tecidas à mão pela comunidade local Suas obras documentam o cotidiano de Srinagar, focalizando os detalhes quase banais da sua existência. Questões ocultadas pela média internacional. Através de uma série de encontros casuais, Arias foi convidado pela família Ahmed para ficar hospedado em sua casa na margem do lago Dal. A família composta por oito membros recebeu Arias em sua casa e ajudou-o a se orientar na cidade: “cada manhã e cada noite eu aprendi sobre as suas vidas de recolher obrigatório e medo, como pai e filhos se revezavam por turnos para me visitar e falar durante horas.” (Fernando Arias) Um dos filhos de Ahmed, Firdous, trabalhava numa casa de têxteis e levou Arias para conhecer o homem que tecia os têxteis tradicionais e roupas bordadas pelas quais Caxemira é conhecida. Ele entrou na casa desses homens que passam o dia a trabalhar em teares antigos, tecendo padrões complexos para xales que podem levar um ano a serem acabados. Arias ficou impressionado com a atemporalidade de suas oficinas, como os homens se sentavam nos seus teares e no chão, trabalhando em seus ofícios com quase nada a separá-los dos seus antepassados. Contudo, para além dessa quietude dos seus trabalhos ancestrais, surgia a tensão e a violência dos confrontos entre jovens e a polícia indiana. “O contraste me atingiu cada vez que saía das oficinas e caminhava pelas ruas da cidade de regresso a casa.” (Fernando Arias) Fernando Arias pediu a Firdous para encontrar um artesão que conseguisse reproduzir essas imagens em tapetes feitos à mão, usando as técnicas tradicionais de Caxemira, para descrever a situação vivida na cidade, combinando técnicas tradicionais com imagens da vida das ruas de Srinagar. Os magníficos tapetes de parede chama primeiramente a atenção do público para as cores deslumbrantes e a excelência do artesanato, e depois ressalta à vista a realidade do imaginário retratado. Como o mês foi chuvoso devido ao gelo derretido dos Himalaias, o lago Dal transbordou e a cidade ficou inundada. Conseqüentemente, a família Ahmed ficou isolada dentro de sua casa. Água, chuva e inundações já fazem parte do cotidiano dos habitantes da região e Arias pode concluir que a água desempenhou um papel crucial no conflito. O Himalaia é uma fonte única, alimenta os rios que fazem o seu percurso em direção ao sul através de Caxemira até as planícies secas da Índia. O Dal Lake combina conflito, angústia e alusão a uma catástrofe ecológica. Um sapato, um prato de poliestireno, uma garrafa e um balão flutuando na corrente da água contam as suas histórias, refletindo o impacto da natureza e a possibilidade de não sobreviver. “Enquanto capturava estas imagens a minha avó morreu no outro lado do mundo e eu canalizei o meu luto ao filmar a vida nessas águas poluídas.” (Fernando Arias) Na série de fotografias da água (fotografias digitais em papel, 60 x 80 cm, 2010) o artista emparelha imagens da inundação da cidade, enfeitada por uma vegetação verde e lixo doméstico flutuante, com imagens de nuvens e vistas aéreas de grandes rios. Em uma imagem, Arias, centra-se na condição humana imediata, enquanto que nas imagens em pares ele faz um close-up mostrando a natureza e como o tratamento irresponsável de áreas como Caxemira estão nos aproximando de um colapso ecológico. Como a estudante de arte Mahum diz em Mahum (hd vídeo, 13 min) o vídeo da entrevista referindo-se à violência e devastação de vidas afetadas pelo recolher obrigatório e décadas de controlo militar indiano: "... isto está acontecendo, mas não é suposto você prestar atenção.” Fernando Arias, artista colombiano, explora a condição humana transmitindo-nos os acontecimentos contemporâneos, tanto do seu país, como do mundo, através do uso versátil de várias disciplinas como a instalação, escultura, vídeo e fotografia. Expôs recentemente no espaço independente Lugar a Dudas em Cali, na Colômbia, na Galeria East Central em Londres, Inglaterra, e no Perth Concert Hall, em Perth, Escócia. Foi premiado com o Prêmio Arts Collaboratory (2010-11), o Prêmio Claus Foundation (2010) e prémios do Arts Council de Inglaterra (2004-5). |